quarta-feira, 25 de julho de 2012

CONTOS

AMIGUINHOS INVISÍVEIS E A FADA AZUL

24/03/98
        
Era uma vez a história de um menininho de mais ou menos 3 aninhos, muito inteligente, esperto, e como todas as crianças do mundo, tinha uma Fada Madrinha, uns dois “amiguinhos invisíveis”  e...
Bem vejamos como se desenrola a nossa história !
Um dia, quando não era nem muito frio nem muito quente, nem chovia ou fazia sol, uma mamãe estava muito atrapalhada para fazer com que seu menininho  tomasse o seu banho naquele interessante dia !
Era realmente um dia muito interessante !
Não era um dia como outro qualquer, por isso era um dia interessante !
Ela já estava cansada de tanto chamar o menininho para o seu banho.
Enquanto isso, ele estava todo sujo pelas brincadeiras que fazia em seu quintal.
A brincadeira era legal, e por isso mesmo ele esquecia que devia cuidar da sua roupa nova.
Roupa nova ?...Sim, isso mesmo ! Era uma roupa “novinha em folha”. Mas o menininho até esquecia, tão entretido  estava !...
Era tão legal brincar com seus dois amiguinhos invisíveis, o Jonzé e o Bonifácio, que até não percebia que não eram invisíveis e sim anjinhos que só ele podia vê-los !
Ué, por quê esse espanto  ?
Por acaso quando a gente é criança, a gente não costuma ter amiguinhos invisíveis ?
Claro, todos temos ou já tivemos!
E olhe, que são super legais !
Não ficam emburrados com a gente e nem dizem nomes feios.
A gente é que se esquece que eles são bonzinhos e dizemos nomes estranhos que depois  nos arrependemos.
Eles, coitados, só ficam calados num canto esperando serem chamados de novo, como se só servissem para isso !
Quando a gente brinca com os outros amiguinhos de verdade, a gente até esquece deles.
Mas eles estão sempre por perto esperando apenas um convite para entrar na nossa brincadeira, e enquanto isso cuidam para que não nos machuquemos, enfim nos protegem de tantos males que somente crianças tem tantos privilégios.
Pois bem... naquele dia muito especial, em que até o nosso amiguinho o “bicho da cachoeira” estava meio zangado...
Espera aí... eu esqueci de lhes apresentar também  o bom bicho da cachoeira !
Ele costuma morar perto de algumas casas onde as águas correm pelas pedras e fazem muitas curvas no caminho, que até parece ter uma bela cabeleira branca e espumante !
Ele procura aos pouquinhos, por onde passa,  fazer com que as crianças saibam que ele existe, que também pode ser amiguinho de todos...
E isso só depende de  cada criança que ele encontrar !!
É claro ! Pode tanto ser menino ou menina !!!
O importante para ele, é que seja criança e acredite ser possível esta amizade.
Algumas crianças demoram mais... outras menos... mas todas as boas crianças acabam por sentí-lo, e o escutam falando por entre seu cascatear espumante.
No princípio, todos pensam que o bicho da cachoeira é ruim, mas depois descobrem que ele apenas não gosta que brinquem perto de suas margens por achar esta atitude muito perigosa.
Afinal, ele não pode cuidar de todas as crianças do mundo !
Ele acha que o importante é que os meninos e meninas, o descubram nos momentos em que estão sozinhos ou com seus amiguinhos invisíveis.
Quando todos sentem que ele está por perto, é fácil manter uma conversação.
Cada um imagina seu amigo “bicho da cachoeira” como achar que deve ser.
O importante é saber que ele não é mau !
Ele é bom, gosta de ouvir e sentir crianças brincando por perto, mas sem chegar muito próximo, que é para não escorregar e se machucar de encontro às pedras que dormem em seu leito.
É, as pedras às vezes tão perigosas, são as maiores amiguinhas do bicho da cachoeira.
São elas que o fazem escorregar para diante, e fazer aquele barulhinho tão gostoso, e espumar de tanto contentamento !
Só são meio burrinhas, as coitadas...
Tem pedras lindas, redondas, pequenas, grandes... lisas.... outras ásperas...
Mas são burrinhas mesmo.
E sabem por que ?
Simplesmente porque elas também gostam de crianças brincando por perto delas, mas como são muito duras, às vezes as crianças se machucam quando batem de encontro à elas.
Bom mesmo, sabem o que é ?
É poder se sentar perto das cachoeiras, apreciar suas lindas pedras, suas águas cristalinas, mas não entrar dentro de suas águas !...
As crianças devem deixar isso para os adultos que já são bem crescidinhos, bem... Ah, deixa prá lá !
O menino de nossa historinha,  de quem vínhamos falando...esse mesmo !
O tal que é amigo do Jonzé e do Bonifácio...seu nome é...
Ah, sim ! O nome dele!
É o Gu... é... Gu de Gustavo, oras !
Pois bem, ultimamente deu para se sujar e demorar para  tomar seus banhos.
Mas, como ele sempre foi um menino muito bonzinho, então sempre aparece alguma coisa diferente para ajudá-lo a melhorar seu  comportamento.
Hoje, adivinhem quem foi que ligou lá para a casa do Gustavo ?
Não adivinham ?
Tentem, é só uma questão de boa memória.
Memória ? O que é isso, hein ?
É a gente se lembrar de que mesmo quando fazemos artes, sempre tem alguém... um amiguinho de verdade, de mentirinha, enfim, sempre tem alguém ou alguma coisa que nos ensina a não sermos  mal educados e grosseiros...
Bem, como eu dizia... quem telefonou para o Gustavo, foi uma fada...
Ela disse que seu nome era Fada Azul ! É o mesmo que Fada Madrinha, só que esta tem nome de cor, ou seja, chama-se Azul.
Sua voz, é bem fininha, e bem gostosa de se ouvir.
Quando Gustavo pegou o telefone para atender, o diálogo foi mais ou menos assim:
 Gustavo - Alô...alô...
 Fada  - Quem fala aí do outro lado da linha ?
 Gustavo - (meio mudo sem entender bem do que se tratava)... A... lô...
 Fada  - Ôi, Gustavo... é o menino Gustavo, não é ?
 Gustavo -  É... ( e não pronunciou mais nada de tão surpreso que estava ) 
 Fada  - Está com medo de falar ao telefone, está ?
Ainda sem entender como podia alguém ter uma vózinha  assim tão fininha, ele continua mudo e muito curioso.
 Fada   - Fala, Gustavo. Aqui é a sua Fada Azul, viu ?
 Gustavo - Fada ?
 Fada -  É... a sua Fada Azul... (como ela não ouvia nada do outro lado da linha, então procurava conversar a fim de deixar o menininho mais à vontade, mais sem medo) Não sabia que você também tem a sua Fada Azul, a sua Fada Madrinha ?
Gustavo - ... Não... O menininho Gustavo não sabia !!!...
Fada - Mas tem. E eu estou aqui para conversar com esse menininho bonzinho que se chama Gustavo... (do outro lado da linha telefônica nenhum leve suspiro se ouvia )...  -  O que você estava fazendo quando sua mamãe o chamou para atender o telefone ? Estava brincando, é ?
Gustavo - Estava.. Eu estava lá embaixo brincando com os meus amiguinhos (disse ele, já mais à vontade)
Fada - Seus amiguinhos, é ? E quem são seus amiguinhos, posso saber ?
Gustavo - Pode...
Fada - Então me diga.... quem são ?
Gustavo - Um é o Jonzé... e... e... (cala sem terminar, parecendo esquecer o nome do outro amiguinho)
Fada - Como é o nome do outro amiguinho ? Um é o Jonzé, já sei... e o outro... é  o ... o ... (diz a Fada procurando forçar a memória do menininho)
Gustavo - É  o Fácio... é... é o Fácio.(disse de sopetão)
Fada - Fácio ? Mas a Fada não conhece ninguém com esse nome... Será que o Gustavo não está esquecendo o nome ? Será ?
Gustavo - É o Boni... lembrei agora... é o Boni...(faz uma pequena pausa para tentar lembrar de alguma coisa que estava esquecendo) ...não, não é... é... o Bonifácio ( e assim ao lembrar o outro nome do amiguinho, dá um pulo de contentamento lá do outro lado da linha telefônica)
Fada - Ah... é o Bonifácio, então, é ? Que nome bonito para ser um amiguinho de um menino tão bonzinho, não  é mesmo ?
Gustavo - É... ele também é bonzinho que nem o Gustavo... é mais bonzinho que o Jonzé. Mas eu gosto muito do Jonzé também. Sabe... o Jonzé, fica bravo comigo quando eu brigo com ele. Mas eu não me importo... eu tenho o outro meu amigo Bonifácio, sabe Fada Azul ?
Fada - Sei, sei, mas não deve brigar tanto com seu amiguinho, o Jonzé ...ele coitado, gosta tanto, tanto de você, Gustavo ! ... Afinal, não é ele que brinca com você, quando seus outros amiguinhos de verdade não estão aí com você  ?
Gustavo - É... mas eu brigo com ele, sim ! Ele não gosta do meu amigo, o "bicho da cachoeira", só o Bondifaço !
Fada - Não é Bondifaço... é Bonifácio... Boni...fácio...Bonifácio...(repete calmamente a paciente Fada Azul)
Gustavo - Sei, sei... já sei... (disse cortando o assunto e mudando para outro) Ó Fada Azul, sabe... o "bicho da cachoeira" disse pro Gustavo não brigar com os amiguinhos, e eu não vou mais brigar, sabe ?
Fada - Sei. E faz muito bem. Amigos são feitos para cultivar as amizades, ser educados, não dizer palavrões e dar ouvidos aos conselhos quando estes são bons. Quando não são bons, não se deve escutar, viu Gustavo ?
Gustavo - (repete muito educadamente) Viu !
Fada - Bem... por hoje é só.... a Fada tem que visitar outras crianças   !
Gustavo - Outras crianças ?
Fada - É. Tem mais crianças que são amigas da Fada Azul.... por isso eu vou desligar, mas voltarei a ligar para você, viu ? Só me prometa uma coisa, está bem ?
Gustavo - (mesmo sem saber o que estava prometendo, confirma) Prometo !
Fada - Vá tomar seu baiinho para trocar esta roupa tão suja... Sempre que se sujar, tem que tomar seu banho para estar sempre limpo e cheiroso. Não faça a mamãe esperar, viu ? Quando ela chamar de novo, vá logo... assim sobra tempo para fazer outras coisas... assistir televisão... brincar com seus brinquedos... desenhar... e...
         Gustavo - (impaciente) Tá... tá Fada Azul !... Amanhã então você fala comigo de novo, tá bom ? (e assim dizendo, deixou o telefone pousar no gancho sem se despedir da sua nova e querida  Fada Azul).
Assim era o nosso menininho Gustavo.
Menino muito bonzinho, mas muito afobadinho. Já deu para se fazer uma idéia.
Quando ele quer alguma coisa, quer, e agora mesmo.
Seu papai e sua mamãe estão passando trabalho com ele.
É bom que ainda existam Fadas Madrinhas e amiguinhos invisíveis de mentirinha...
São eles que conseguem falar ao coração das crianças quando elas não ouvem seus papais na hora em que isto se torna necessário !

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O menininho saiu em disparada, ansioso para contar a grande novidade para sua mamãe !
         Mamãe - Quem era ao telefone, meu filho ? Alguma namoradinha ?
Gustavo - Não mãe !... Era.... era ... a minha Fada Madrinha... a Fada Azul !...
Mamãe - Fada Azul ? Fada Madrinha ?...
Gustavo - É, a minha Fada Azul, mamãe !
Mamãe - Me conte direito esta história !
Gustavo - Ela disse que vai ligar amanhã de novo e que... (diz entre afobado e ansioso)... eu sou um menininho muito bonzinho, viu mamãe ?
Mamãe - Puxa, então essa Fada Madrinha ou Fada Azul, não sei ao certo, gosta muito de você, porque nem sempre você é um menininho bonzinho, às vezes... me dá um trabalhão para fazê-lo tomar seu banho ... e também não escuta quando sua mamãe o chama, e outras coisas mais...
Gustavo - Mas eu sou bonzinho, mamãe ! E eu prometi prá ela que não vou mais brigar com o Boni e nem com o Jonzé !
Mamãe - Isso é muito bom, muito bom mesmo ! Afinal, eu também não gosto de ver você maltratando seus amiguinhos, sejam eles de verdade ou de mentirinha, viu  meu filho?
Gustavo - Viu !
Mamãe - Agora vamos ver se o nosso menininho realmente é bonzinho. Vamos tomar nosso baiinho, vamos ?
Gustavo - Eu chego primeiro que tu, mamãe ! (disse ao mesmo tempo que saia em disparada em direção  às escadas rumo ao banheiro do andar superior)
A mamãe, entre ocupada com a tarefa de pendurar roupas no varal, e pensando nas palavras que ouvira pouco antes, fica a olhar a figurinha sumir de suas vistas, não acreditando que iria dar o banho  sem ter que apelar para tudo quanto é  argumento.
Lá em cima, enquanto os dois, mãe e filho se divertem na tarefa de tomar banho, ouve-se perfeitamente o borbulhar alegre da cachoeira e até parece que dá prá se ouvir um coro afinadíssimo cantando:


              Felicidade... felicidade !     Ah ! Felicidade !  Como é bom ver e ouvir a doce voz deste tão lindo menininho, em sua terna e linda idade !!!     


FIM
15 DE OUTUBRO 2003  - novembro 2004

Um comentário:

  1. minha experiencia com o meu blog, infelizmente não atingiu as minhas expectativas pois não houve nenhuma manifestação que me motivasse a continuar a escrever; portanto encerro aqui meus anseios de tornar publico qualquer demonstração minha de continuar escrevendo. Fim

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